Altas temperaturas e chuvas favorecem a infestação de pragas urbanas, como baratas e pernilongos.
Você já deve ter notado a presença de mais pernilongos, formigas, baratas e de outros tantos insetos indesejados. Mas por que eles aparecem tanto nesta época do ano?
Segundo o professor de mestrado em Ecologia da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Mohamed Habib, a proliferação deve-se ao calor e também pela chuva e a presença maior dos insetos é vista tanto na primavera quanto no verão.
“Na primavera, muitos se alimentam de plantas, porque as árvores ficam floridas e mais frutíferas. E devido à chuva, por conta do calor, o solo se torna mais úmido, a grama, mais verde, favorecendo a vida dos insetos”.
Neste caso, é como se a própria natureza desse uma “forcinha” para os animais. Ou seja, os insetos acabam se beneficiando deste ciclo entre as estações. “Há os que se alimentam das plantas que estão disponíveis nesta época e outros que comem outros insetos. Na verdade, existe uma relação direta entre plantas e insetos”.
O especialista explica, ainda, que o organismo dos insetos oscila, dependendo da temperatura do ambiente. Diferente do ser humano, que consegue manter o corpo em 37ºC.
“As atividades metabólicas do inseto ficam mais acelerada no calor. Não é que seja uma espécie de alarme e, a partir daí, eles saem para reproduzir. Mas trata-se de um processo lento e sincronizado com a primavera e o verão”.
Saúde
O problema é que, mais do que o incômoda, a presença dos insetos traz risco à saúde da população por conta de inúmeras doenças provocadas pelos animais. Além da dengue e leishmaniose, que já se tornaram um problema de saúde pública, outras podem ser provocadas por insetos.
O professor explica que as transmissões podem ser divididas em duas: pelos insetos considerados vetores mecânicos e pelos vetores biológicos.
A transmissão por vetor mecânico pode ser por meio das baratas, formigas ou moscas. Um exemplo é quando estes animais contaminam alimentos após suas patas entrarem em contato com a comida. Habituados ao ambiente dos seres humanos, acabam transmitindo doenças encostando no nosso corpo ou em objetos de uso pessoal.
Já o vetor biológico tem o micróbio dentro do corpo. Como os mosquitos, que picam e transmitem a doença. É o caso do Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças.
Transtorno
A quantidade maior de insetos, mais comum nesta época, pode ser a explicação para a infestação de baratas que, na última semana, fez a Viação Piracicabana receber uma multa de R$ 2.310,00 da Prefeitura de Santos. Passageiros do transporte público municipal ficaram revoltados. Pelas redes sociais, vídeos mostram as baratas percorrendo os assentos dos coletivos.
Habib explica que falta de higienização constante e a presença de restos de comidas favorecem o aparecimento destes animais tão indesejados. “Se o ambiente não está limpo adequadamente e com restos de lanche, de biscoitos, por exemplo, os insetos farão uma festa”.
Pulgas, piolhos e pernilongos também aumentam no verão. Para o especialista, o problema deve ser tratado não só pelo poder público, mas também pela população. “Nós estamos falando de insetos que saíram do ambiente natural e se adaptaram ao do homem. O ideal é tornar o local desfavorável para esses animais”.
Como evitar?
Segundo o especialista, quem quer ficar longe destes insetos deve colocar barreiras físicas para dificultar o acesso dos animais.
“É essencial colocar telas nas janelas. Elas permitem iluminação e ventilação, mas não deixam o inseto entrar. Nas portas, devemos colocar um protetor, uma espécie de veda-porta. Sem falar, é claro, em limpeza. Todo ambiente sujo favorece os insetos”.
E engana-se quem pensa que os cuidados devem ser tomados só dentro de casa. Habib também orienta a sempre cuidar do quintal e não jogar lixo nem deixar a lixeira aberta. No caso de jardins, ele explica que a grama dever estar sempre cortada e limpa.
“As pessoas devem ter em mente que os cuidados básicos dentro de casa precisam ser tomados. O ambiente tem que estar sempre impróprio para os insetos. Agora, quando aos lugares externos e públicos, é dever do poder público em manter livre destas pragas”.