Qual a diferença entre a febre amarela urbana e silvestre?

O Horto Florestal, o Parque da Cantareira e outros parques situados na zona norte de São Paulo estão fechados por conta da morte de macacos contaminados com o vírus da febre amarela. Esta medida é necessária para garantir a segurança de todos os que frequentam estes parques e adjacências. Além disso, está indicada a vacinação das pessoas que moram nas proximidades, para fazer um “cinturão” de proteção.

 Importante saber que estes macacos morreram com a febre amarela silvestre. Não há casos de febre amarela urbana no Brasil desde 1942. Qual a diferença entre as duas? A população inteira precisa se vacinar ou só quem mora nestes bairros? Vamos entender.

 - Fala-se em febre amarela urbana e silvestre: é a mesma doença ou são vírus diferentes? 

 Os vírus que causam a febre amarela urbana e a silvestre são exatamente os mesmos. Isso significa mesmos sinais, sintomas e evolução da doença. Tudo igual. Qual é a diferença, então? A diferença está “apenas” nos mosquitos transmissores e na forma de contágio. A febre amarela silvestre é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem nas matas (ou parques com matas) e na beira dos rios. Estes mosquitos que vivem nas matas picam macacos contaminados e levam o vírus no seu corpo. Quando picam uma pessoa suscetível, inoculam o vírus na corrente sanguínea e transmitem, portanto, a doença.  

 A febre amarela urbana não existe no Brasil desde 1942 e é transmitida quando o mosquito urbano, o Aedes aegypti, pica uma pessoa doente e depois pica outra pessoa suscetível, transmitindo a doença. Exatamente como acontece com a dengue, zika e chikungunya. Portanto, a febre amarela silvestre é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethesque vivem nas matas e a febre amarela urbana é transmitida pelo Aedes aegypti que vive nas cidades. O vírus é o MESMO e a doença é a MESMA.

 - Alguma pessoa morreu nestes últimos dias ou só houve morte de macacos?

Só os macacos morreram.

 - Qual é, então, o grande risco?

O grande risco é que uma pessoa seja pessoa picada e contaminada pelos mosquitos transmissores da febre amarela silvestre, venha para a cidade e aí o Aedes (que existe em tudo quanto é canto desta e de tantas outras cidades brasileiras) a pique. Pronto! Temos umAedes contaminado voando por ai. Certamente este Aedes picará uma e outras pessoas susceptíveis. E assim por diante. Resultado: teremos de volta a febre amarela urbana, que não existe mais no Brasil desde 1942. Neste cenário, a chance de um surto urbano é muito maior e mais preocupante. Teríamos que vacinar TODA a população.

 - Por que só quem mora nos bairros próximos aos parques deve ser vacinado?

Os mosquitos Haemagogus e o Sabethes só são capazes de voar por 500 metros. Por isso, se um destes mosquitos contaminados sair da área dos parques, não consegue chegar muito longe. Morre antes. Assim, só quem mora perto da  zona Norte de São Paulo, é que obrigatoriamente deve receber a vacina. 

  – Quem pode tomar a vacina?

 A vacina da febre amarela está indicada para crianças com mais de 9 meses e adultos com menos de 60 anos. Bebês de 9 meses podem tomar a primeira dose e um reforço aos 4 anos de idade. Para os adultos, 2 doses, com intervalo de 10 anos, são suficientes para imunizar. Não é necessário repetir a vacina a cada 10 anos. As pessoas com mais de 60 anos podem receber a vacina, desde que indicada pelo médico.

 - Gestantes podem ser vacinadas? E os bebês com menos de 9 meses? E quem está amamentando?

A vacina não é rotineiramente indicada para as gestantes. No entanto, cada futura mamãe merece uma avaliação individual e o médico pode avaliar o risco e o benefício para cada situação. Quem está amamentando também NÃO deve receber a vacina. Em bebês com menos de 6 meses, a vacina é contraindicada. Para os que tem de 6 a 9 meses, a vacina pode ser dada desde que indicada pelo médico. Em épocas de surtos, em geral recomenda-se vacinar os bebês acima de 6 meses.

 

- E quem não sabe ou não lembra se tomou a vacina? Pode tomar de novo?

 

Pode sim, desde que esteja no grupo recomendado e desde que não tenha nenhuma contraindicação para esta vacina.

 

 – Quais são as contraindicações para a vacina? Quem não deve ou não pode tomá-la?

 

As contraindicações mais importantes são alergia à proteína do ovo, bebês com menos de 6 meses ou pacientes portadores de doenças que cursam com imunodepressão ou que façam tratamentos que levem à imunossupressão. Nestas duas última situações, pode haver algumas exceções definidas e orientadas pelo médico que assiste cada paciente.

 

 – Por que esta febre se chama “amarela”?

 

Porque um dos sinais de gravidade da doença é a icterícia, que deixa os olhos e a pele das pessoas com um tom mais amarelado. Os sintomas iniciais são como os de uma gripe mais forte, com febre, dores pelo corpo, dor de cabeça, mal estar, enjoo e vômitos. Depois de uns 2 -3 dias as pessoas podem melhorar ou evoluir para as formas mais graves, com acometimento do fígado e dos rins. Aí aparece a icterícia e sinais de hemorragia como sangramentos de mucosas. Felizmente as formas mais graves são mais raras e a maioria dos pacientes evolui para a cura. Quem teve a doença, fica imune para o resto da vida.

 

 – Existe tratamento específico para a febre amarela?

 

Não. O tratamento é o de suporte, isto é, alívio dos sintomas.

 

A febre amarela não é só um problema das autoridades responsáveis pela vacinação e contenção de surtos. É também um problema de todos nós. EVITE deixar lixo e/ou quaisquer recipientes que possam acumular água em sua casa. Converse com seus vizinhos. Faça também a sua parte.

fonte: http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/qual-diferenca-entre-febre-amarela-urbana-e-silvestre.html

 

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